Pra começar,
há o mais velho.
Ele, que é
como um melão,
Que tem um
grande nariz,
Que nem
sabe mais o próprio nome, meu senhor...
De tanto
que bebe,
Ou de tanto
que já bebeu...
Que não faz
nada com seus dez dedos.
Que nem
consegue mais.
Ele, que
está completamente cozido,
E que se acha
um rei.
Que se
embebeda toda noite
Com vinho
ruim
E que é
encontrado de manhã
Na igreja,
cochilando,
Duro como
uma ereção,
Pálido como
um círio pascal.
E que
depois gagueja,
Que tem um
olho que divaga.
Devo
dizer-lhe meu senhor
Que com
aquela gente lá
Não se pensa
meu senhor.
Não se
pensa...
... Reza-se.
E depois há
outro
Com cenouras
em seu cabelo,
Que nunca
viu um pente,
Que é
perverso como uma micose,
Mesmo que
doasse sua camisa aos pobres.
Que é
casado com a Denise,
Uma garota
da cidade.
Enfim, d’outra
cidade.
E não é só
isso.
Que faz
seus pequenos negócios
Com seu
chapeuzinho,
Com seu
casaquinho,
Com seu
carrinho.
Que tenta
passar uma boa impressão
Mas não
impressiona ninguém.
Não se deve
pagar de rico
Quando não
se tem dinheiro.
Devo
dizer-lhe meu senhor,
Que com
aquela gente lá
Não se vive
meu senhor.
Não se
vive...
... Trapaceia-se.
E depois há
os outros.
A mãe, que
não diz nada...
Ou, bem,
nada de importante,
E vai da
noite à manhã,
Com sua
bela cara de santa.
E no quadro
de madeira
Há o bigode
do pai,
Morto em um
escorregão.
E que
observa seu rebanho
Comer a sopa
fria
E fazerem
grandes “flchss”,
E fazerem
grandes “flchss”.
E depois há
a velhinha
Que não
para de tremer.
E eles
esperam que ela morra
Já que é
ela que tem grana.
E nem
escutam o que essas
Pobres mãos
têm pra contar.
Devo
dizer-lhe meu senhor,
Que com
aquela gente lá
Não se
conversa meu senhor.
Não se
conversa...
... Calcula-se.
E depois, e
depois...
E depois há
Frida
Que é bela
como o sol,
E que me
ama tanto
Quanto eu a
amo, Frida!
Até mesmo
nos dizemos
Que teremos
uma casa
Com muitas
janelas,
Com quase
nenhuma parede.
E viveremos
nela,
E será bom
estar lá.
E se isso
não é uma certeza,
Ao menos, é
uma possibilidade,
Porque os
outros não querem.
Porque os
outros não querem.
Os outros,
eles dizem algo como;
Que ela é
bela demais para mim,
Que eu só
sirvo pra matar gatos...
Eu nunca
matei um gato!
Ou tenha
sido há muito tempo...
Ou eu tenha
esquecido...
Ou eles já não
se sentiam bem...
Enfim, eles
não querem.
Às vezes,
quando nos vemos,
Fingindo não
ser de propósito,
Com os
olhos molhados,
Ela diz que
irá embora,
Ela diz que
me seguirá.
Então, por
um instante,
Por um
instante apenas meu senhor,
Por um instante
apenas
Eu acredito
nela.
Por um
instante apenas meu senhor.
Porque
daquela gente lá,
Meu senhor
Não se
escapa.
Não se escapa
meu senhor...
Não se
escapa...,
Mas é
tarde, meu senhor...
Eu preciso
voltar
Para minha
casa...
Jacques Brel
Tradução: TaneiGiaccvaoc
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