sexta-feira, 30 de março de 2012

Gods gefallen


Désespéré

Uma vez parei e olhei para o mundo a minha volta, olhei para este grande espetáculo com olhos inocentes e auspiciosos e ao mesmo tempo receosos, temerosos. Prestei bem a atenção a tudo que me cercava, e mesmo que para a maioria dos espectadores estivesse desorganizado, barulhento, e sem graça este grande drama, eu me senti bem.
A final, o que poderia estar a minha espera? Que futuro ansiava por mim?
Sabia que cercado por meus parentes e minha família não haveria o que temer. Não me preocupava com algum possível apavorante monstro querendo me devorar com suas incertezas e preocupações cotidianas. Sabia que estava entre pessoas queridas as quais nunca me deixariam só, nunca me faltariam. Mas bom seria se na cabeça de uma criança se pudesse engendrar tal utópico mundo que nos servisse de substituto sempre que um outro nos falhasse.
Não, nunca foi e nem será assim, e hoje vejo que as coisas nunca mudaram na verdade. Somos constantemente perseguidos pelos mesmos monstros de outrora. O mesmo monstro que nos encara todas as manhãs e nos acompanha até o leito todas as noites.

Uma vez também olhara para o passado e ansioso por encontrar algo no qual pudesse apoiar a cabeça frágil e cansada de tantas batalhas, me deparei com um salão repleto de heróis, repleto de pequenos deuses que brilharam no passado e hoje brilham em nossas lembranças, brilham na tinta que pena despejara no papal, brilham nas formas perfeitamente esculpidas de sua grandeza, brilham na tinta que o pincel espalhara sobre a tela...,
...brilham em nossos corações, em nossas fotos encima da estante, em nossos corpos, em nossas células...














Estarrecedor foi quando olhei novamente para o presente e percebi que estavam todos mortos e que não havia mais heróis em nosso mundo.

Nossos deuses encontravam-se todos jogados por terra, caídos. O pavor acometera-me de tal forma que uma tristeza cresceu em meu interior esfriando o sangue, congelando os ossos, matando o espírito. Em minha mente apenas uma pergunta ecoava: O que será de nós?

O fascínio com via este mundo se acabara, o passado, agora, é apenas uma sentimento bom, um sonho delirante, uma nevoa dispersa que trás impresso em si tempos que não retornaremos a ver.



Já quis passar por todas as eras deste mundo, mas a muito já não consigo pensar em futuro sem me preocupar. O que será então?
Será que vamos permanecer nesta marcha autodestrutiva?
Espera-se, talvez, que um dia possamos olhar para trás e dizer que aprendemos com o passado?
Espera-se que haja paciência o suficiente até que estejamos realmente prontos?

Sinceramente, eu acho que não teremos tanta sorte.

Talvez eu esteja apenas sendo egoísta, mas não tenho mais prazer em estar aqui. Milhares de anos de evolução e chegamos ao final da forma mais trágica e irônica possível, extinção por auto-aniquilação. Talvez se possa dizer que este processo pelo qual passamos é um reflexo do inconsciente que quer nos punir pelos erros que cometemos, mas seria de um cinismo monstruoso. Não há desculpa e já não consigo viver neste mesmo ambiente. Muito dele já me infectara e me sinto morrendo aos poucos. A garganta, as narinas, todas se fechando e me impedindo de respirar. As pernas cansadas, a mente falha, as mãos que já não sentem como antes e uma paixão pela morte que só faz crescer.

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